O espetáculo Uma Mosca no Nosso Chá parte de uma investigação profunda acerca do papel do humor para a condição humana, propondo sobre ele uma reflexão séria. Distinguir-nos-emos, nós, humanos, pelo humor?
Num presente ensombrado pelo colapso da natureza, da civilização, da paz relativa, qual o papel do humor? Estaremos a perder a capacidade de nos rirmos de nós próprios?
Vários humoristas, de Groucho Marx a Ricardo Araújo Pereira, definem o humor como uma equação. Afirmam que o humor não é mais do que a soma da tragédia com o tempo. Uma desgraça, ou um pequeno enredo de final infeliz, com a devida distância temporal, resultam em qualquer coisa que produz o riso. Será possível fazer humor sem distância? Conseguiremos rir do presente?
E estaremos a tornar-nos mais ridículos? Estaremos a precisar do humor como de pão para a boca? Será o humor o nosso escape para lidar com o momento que vivemos? Ou será que ele desempenha apenas uma resposta nervosa, neurológica, fisiológica a situações particulares? O humor é universal? Há humores culturais? Identitários? Há limites para o humor? Há humor sem função crítica? Há humor que não seja resistência? Há humor que não seja arma para menorizar o medo e o reduzir ao ridículo? Há humor capaz de domar a morte?