O título destas conferências pode parecer um disparate, uma piada, ou apenas um erro. Gostaríamos de clarificar que é intencional.
No Melhor Chá Cai a Mosca é um ciclo de conferências sobre o humor, tema central do espetáculo Uma Mosca no Nosso Chá que a Formiga Atómica irá estrear em outubro na Culturgest.
No Melhor Chá Cai a Mosca convoca uma imagem bizarra e inusitada. Se, com o uso da palavra “chá”, quisermos dizer civilização, ordem, solenidade e se, com a palavra “mosca”, quisermos dizer ser irritante, inútil, parasita – então, moscas no chá serão esses momentos em que o humor escangalha os costumes, incomoda as sociedades, chocalha as ideias.
É precisamente sobre estes chás – da sociologia ao cartoon, da história ao guionismo – e sobre as suas respetivas moscas, que nos vamos deter em cada uma das conversas deste breve ciclo, moderado por Pedro Vieira, ilustrador, guionista e escritor.
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17 março
Chá, Tisana e Kombucha
Humor e diferenças culturais
Na obra O Riso, o filósofo Henri Bergson contava a história de um homem que teria presenciado na missa um sermão de ir às lágrimas. Ele teria sido o único a não chorar. E quando lhe perguntaram porquê, terá respondido que não era da paróquia. Será que, para rir, tal como para chorar, temos de ser da paróquia?
O humor é universal? Porque é que, um pouco por todo o lado, contamos as mesmas piadas mudando apenas a nacionalidade dos intervenientes? Ou há humores culturais? Identitários? Será que em cada chá só cai um tipo de mosca?
25 março
Falta de Chá
Humor, tabus e censura
Será que o humor pode ser tão poderoso que seja preciso eliminá-lo? O humor pode ferir pilares essenciais das nossas sociedades? Fazer estalar as chávenas de chá? Que perigo traz o humor descontrolado, que faz com que alguns poderes censórios tenham a tentação de o proibir? E é possível proibir o humor? Será que há chás que eliminam moscas?
1 abril
Chá Frio
Humor, morte, tragédia e medo
O humor é mesmo a melhor arma contra o medo? E contra o pior dos medos – o medo da morte?
Talvez seja por isso que algumas agências funerárias decidem adoptar slogans humorísticos, como “a sua morte é a nossa alegria”, “se não o enterrarmos hoje, enterramos amanhã”, ou “sem registo de reclamações”. A estratégia de aniquilar o adversário temido, a morte, levando a autodepreciação ao limite, parece ter adeptos, talvez por funcionar mesmo. Se não nos levarmos assim tão a sério, talvez a morte seja um mal menor.