No mundo, todos nascemos e morremos. Entre essas duas etapas vive-se uma história. A história de cada um. Muitos passam o tempo a tentar perceber o sentido das suas vidas. Depois de perceberem, é fácil: coloca-se um rótulo, um carimbo, um título na história. Quem é que não gosta de ter um título para a sua história? Um epíteto, um cognome, ou mesmo uma alcunha? Todos gostamos de nos arrumar na gaveta certa. Ou na gaveta errada. Enfim, numa gaveta! E a História também. A História gosta de ser contada com ordem, com arrumação, com rótulos… Com princípio, meio e fim. O problema é que, às vezes, surgem pessoas que parecem transbordar das gavetas da História. Desarrumam tudo e não nos deixam colocar-lhes rótulos.
Este espetáculo é sobre a arrumação da vida de um homem sem rótulo: “José Ângelo Cottinelli Telmo, o…”. Qual o seu epíteto? É que para que o espetáculo aconteça, é preciso que haja um epíteto que defina este homem e que dê sentido à história. É preciso arrumar tudo em gavetas, começar no princípio e acabar no fim.
Será este espetáculo possível?
Será que a História se pode contar só de uma maneira de uma vez para sempre?
Quantos de nós se deixam arrumar em gavetas?
Será que todos temos que ter um rótulo?